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Gesner Oliveira

Juro dos EUA é mantido. No Brasil ainda pode cair mais

Updated: Aug 19, 2020



O mundo está de olho no coronavírus, mas o que atraiu a atenção do mercado foi a primeira reunião do ano do comitê de política monetária dos Estados Unidos, o chamado FOMC na sigla em inglês.


A expectativa era a de que as autoridades monetárias americanas começassem a dar o tom de como os bancos centrais ao redor do mundo responderão ao coronavírus. O efeito da doença sobre a economia mundial, se houver algum e de caráter significativo, seria no sentido de ocasionar um desaquecimento.


A decisão foi de manter a taxa de juros no atual patamar de 1,5%-1,75%. Não haveria razão para elevá-la em função do coronavírus. Qualquer surpresa no sentido contrário causaria ruído e um efeito dominó nas bolsas internacionais.

Com a decisão sobre a taxa de juros americana já tomada, as atenções se voltam para o Comitê de Política Monetária (Copom) que se reúne pela primeira vez em 2020 na terça e quarta-feira da próxima semana.


Dois argumentos podem ser dados para a manutenção da taxa de juros pelo Copom no patamar atual. A taxa de juros básica da economia brasileira, a SELIC, já está na mínima histórica de 4,5% e novas reduções teriam efeitos desconhecidos; uma possível incerteza causada pelo coronavírus poderia causar fuga de capitais para destinos mais seguros, elevando a taxa de câmbio e pressionando a inflação.


No entanto, há elementos técnicos para supor que a SELIC caia mais 0,25p.p na próxima semana. O choque da carne, que levou a inflação para cima do centro da meta no fim de 2019, já dá sinais de recuo. O preço da arroba do boi gordo já caiu 18% desde o pico. O churrasco deve ficar um pouco mais barato nos próximos meses, embora mais caro do que foi, em média, em 2019.


Além disso, o coronavírus e o medo de desaceleração da economia mundial estão fazendo com que o preço de algumas commodities caiam, como foi o caso do petróleo cuja queda acumulada em 2020 chega a 10%. A expectativa de inflação para 2020 está abaixo da meta de 4% e os juros ao redor do mundo também estão historicamente baixos e não há sinais de reversão.


A economia brasileira continua a operar com ociosidade e alto desemprego, o que permite acelerar o crescimento sem pressionar a inflação. Portanto, apesar das incertezas causadas pelo coronavírus, há espaço para nova redução dos juros na próxima reunião do Copom.

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