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Gesner Oliveira

Enchentes expõem a falta de saneamento e educação ambiental

Updated: Aug 17, 2020




O drama da enchente vivido por São Paulo e outras capitais e cidades brasileiras está associado, em grande medida, associado à falta de saneamento. Lembre-se que a definição legal de saneamento básico inclui não apenas água e esgoto, mas também drenagem e manejo dos resíduos.


Desde sempre, as cidades brasileiras sofrem danos gigantescos nas estações de chuvas. A Região Metropolitana de São Paulo corresponde a cerca de 15% do PIB brasileiro. Estima-se que a chuva de 10 de fevereiro em São Paulo possa ter acarretado perda de algumas centenas de milhões de reais.


Isso sem contar as perdas patrimoniais de famílias e empresas. Famílias que têm pouco, ou quase nada, perderam tudo. As organizações que conseguiram operar em meio ao caos o fizeram com menor produtividade em virtude do absenteísmo e dificuldade de circulação das mercadorias e provisão dos serviços.


Os efeitos econômicos se dissipam ao longo do tempo, mas as cidades continuam a operar de maneira ineficiente. Há sequelas, como a proliferação de doenças provocadas pela exposição à água contaminada, extravasamento de esgoto e acúmulo de resíduos.


Os casos se repetem ano após ano em todo país. Mais de 50% dos municípios brasileiros entre 2003 e 2017 registraram enxurradas e inundações. São mais de 1 milhão de pessoas desalojadas ou desabrigadas em um período de 15 anos, segundo dados oficiais (possivelmente subestimados).


O problema não é excesso de chuva, mas sim falta de planejamento e infraestrutura urbana. Segundo o Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB), será necessário um investimento total de R$ 79,3 bilhões para expansão e reposição dos sistemas de drenagem pluvial urbana no Brasil entre 2019 e 2033, equivalendo a uma média anual de R$ 5,6 bi. Este valor é cinco vezes maior do que aquele investido no período 2003/17!


Mas não é só falta de dinheiro e capacidade de investi-lo eficiente e tempestivamente. A sociedade precisa acordar para o fato de que é necessário cobrar dos gestores, mas também de si mesma. Afinal, a porcariada jogada nos córregos e nas ruas não chega lá sozinha.

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