Banco Central autônomo é bom, mas não faz milagre
Updated: Aug 17, 2020
A inflação deu um susto ano passado com o choque da carne. Algumas taxas anualizadas chegaram a atingir dois dígitos como nos velhos tempos em que o Brasil era uma economia super inflacionária. No começo de 2020 o Brasil voltou à nova era de inflação baixa.
A elevação de 0,21% nos preços em janeiro é a menor para o mês desde a criação do Plano Real. Ao contrário do fim do ano passado o vilão deixou de ser o preço da carne, que subiu cerca de 32% em 2019 e começou o ano de 2020 com uma deflação de 4,03%. Embora na média a inflação esteja baixa, há sempre os vilões da hora: o tomate subiu 13,72% e a batata-inglesa 11%.
Apesar dos vilões da hora, e, ao contrário dos nossos vizinhos Argentina e Venezuela, o Brasil entrou na era da inflação baixa. No sentido de consolidar uma economia com um sistema de preços mais civilizado, algo que começou lá atrás com o Plano Real, é oportuna a aprovação do projeto de autonomia do Banco Central, que deve ser votado após o Carnaval.
O projeto, que cria mandatos fixos para o Presidente e Diretores do Banco Central, que inclusive não coincidem com o mandato do Presidente da República, ajuda a dar credibilidade e seguranças para a Política Monetária.
Banco Central independente não faz milagre. É bom lembrar que a Argentina já teve Banco Central independente por lei e não adiantou nada. Mas certamente ajuda a impedir interferências políticas na definição do custo do crédito que é tão importante para a geração de renda, emprego e para a vida das pessoas que tomam recursos para comprar um carro, uma casa ou uma geladeira.
Estatisticamente, países com Banco Central independente obtém taxas de inflação menores e menos voláteis. Tomara que o Brasil consiga entrar nesse grupo.
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